08/03/2024 11:03

A vez e a voz das mulheres na pesquisa industrial

Conheça a história de Beatriz Gandra

Para marcar o Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, iniciamos hoje a publicação de uma série de matérias que trazem dados, entrevistas e reflexões sobre o universo atual das mulheres. O que mudou nos últimos anos? Em quais aspectos ainda precisamos evoluir? Quais os próximos passos para promovermos a igualdade de oportunidades dentro e fora da empresa?

 

Apesar das mudanças ocorridas nos últimos anos, as desigualdades de gênero ainda são uma realidade no Brasil. Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE) apontou que, desde 2012, a taxa de desemprego das mulheres é superior à dos homens. De acordo com o levantamento, o índice de desempregadas era de 16,45% em 2021, o equivalente a mais de 7,5 milhões de mulheres. No total, o índice médio anual de desemprego na economia foi de 13,20%, considerando o mesmo período.

 

Em contrapartida, a escolaridade entre as mulheres é superior à dos homens. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE – dados de 2019), entre os homens com 25 anos ou mais, 15,1% têm ensino superior completo. Já entre as mulheres com a mesma faixa etária esse número chega a 19,4%.

 

Portanto, ainda temos muito o que evoluir, afinal, as mulheres têm capacidade técnica para ocupar posições de destaque no mercado de trabalho. A Beatriz Gandra, pesquisadora especialista do Centro de Pesquisa da Usiminas, nos mostra que é possível.

 

 

 

 

A Bia, como é conhecida por todos, estudou Engenharia Metalúrgica na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). No final da graduação, realizou um intercâmbio na Alemanha para, em seguida, em 2001, entrar para a turma de engenheiros do Centro de Pesquisa da Usiminas. “Na época, éramos apenas duas mulheres na turma de 16 homens. Chegando na área, percebi que também eram poucas as mulheres atuando como engenheiras neste segmento de pesquisas industriais”, explica.

 

Na Usiminas, Bia aproveitou todas as oportunidades que surgiram. Ela participou de treinamento no Japão – com uma equipe majoritariamente masculina – no projeto de aquisição do forno de amolecimento e fusão, equipamento utilizado para avaliar o processo de altos-fornos. “Foi um período marcante na minha vida profissional, pois consegui me aprofundar em um assunto que gosto muito, que é o processo de redução na siderurgia”. Outro momento importante na carreira da Bia foi quando ela publicou seu primeiro livro, a partir de sua dissertação de mestrado, abordando o tema “Modelagem Matemática do Fluxo de Líquido no Cadinho de Alto-Forno”.

 

Atualmente, a engenheira está focada em sua nova meta: finalizar o doutorado na área de altos-fornos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

 

 

Para Bia, ser mulher traz à tona muitos desafios, pois é necessário ter equilíbrio para cuidar de vários aspectos da rotina. “A gente precisa gerenciar muitos papéis: de profissional, mãe, esposa e cidadã. Mas me sinto privilegiada por conseguir ter êxito em todas essas vertentes da minha vida, pois conto com o apoio do meu marido Thiago, meus filhos Isabela e Emanuel e dos meus colegas de trabalho. Nunca me senti preterida por ser mulher, apesar de ter consciência de que o preconceito ainda é uma realidade em nossa sociedade. Tanto minha família, quanto minha equipe na Usiminas sempre me trataram com respeito e reconheceram meu valor e competência, independente de gênero”.

 

Legenda: Bia com o marido Thiago e os filhos Emanuel e Isabela.

 

“O que eu espero é que o mundo evolua cada vez mais na abertura de oportunidade com base na competência de cada profissional. Atualmente, as empresas têm dedicado programas específicos de capacitação, com a disponibilização de cargos de liderança para as mulheres, favorecendo àquelas que têm o dom com possibilidades de mostrar seu valor. Saber gerenciar as várias funções que temos no mundo de hoje e buscar o equilíbrio é o segredo do sucesso. E, não conseguimos fazer isso sozinhas.”

 

Beatriz Gandra.

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